O Gasparinho instantâneo

João Almeida, aquele jovenzinho que deixou crescer a barba para poder ser porta-voz do CDS-PP, fez-se notar quando Paulo Portas o incumbiu de se assumir como crítico do Orçamento do Estado para 2013. O seu indelével feito parlamentar foi a saída intempestiva, com ar amuado e tudo, de uma reunião à porta fechada dos deputados da coligação de direita, na qual Gaspar lhe terá dado uns valentes açoites. A declaração que fez aquando da votação do Orçamento de 2013 faria supor que se manteria longe da ribalta enquanto o gasparismo, com ou sem Gaspar, desse cartas.

Mas o decoro não é uma característica que esta gente preze. Portas encarregou-o agora de fazer o papel inverso de há um ano: agora, é o defensor oficial, e por vezes único, do Orçamento do Estado para 2014, que é a continuação dos orçamentos de 2012 e 2013. Sustenta exactamente o oposto do que defendia então. E fá-lo com a mesma dose de convicção — e a mesma ligeireza.

O Gasparinho do Caldas tem a falta de densidade necessária para se prestar a todos os serviços. Ainda hoje, por exemplo, para cobrir a sempre adiada apresentação do guião da reforma do Estado por parte de Portas, saiu-se com esta numa entrevista:

Diário Económico - Isto já é a reforma do Estado?
João Almeida - Não. Ainda estamos num ponto de corte. Uma coisa são cortes, outra reformas e nem é aconselhável que se façam as duas ao mesmo tempo. A partir de Junho haverá outras condições para reformar.